“Quem chega cedo, bebe água limpa”

Hoje estou aqui para falar sobre um tema que tem gerado desconforto na classe médica: Teleconsulta. Ainda que desconfortável, precisamos colocá-la em pauta e discuti-la. Não há como ignorar esse assunto.
 
Os teleatendimentos foram permitidos em caráter emergencial no Brasil em 2020, devido à pandemia do coronavírus. Desde então, tenho escutado inúmeras promessas de uma resolução definitiva que ainda não vingou. E, devido a esse cenário, muitas operadoras de saúde e, principalmente, a classe médica, tem tido dúvidas, se realmente é a hora de apostar na teleconsulta. Na minha opinião, já passou da hora…
 
É com frequência que escuto de colegas médicos – Marcelo, devo investir em teleconsulta? Vai regularizar, não vai? Como vou me preparar para um futuro, aparentemente incerto?
 
A minha resposta é sempre a mesma: incerto é continuar fazendo tudo igual, sem inovações. O mundo foi obrigado a sair do off-line e migrar para o on-line sem nenhum planejamento. Não há retrocesso. Não podemos (e não devemos) nos acomodar.
 
A teleconsulta veio para ficar e ampliar o acesso das pessoas à saúde e otimizar o tempo tanto dos beneficiários em um retorno, quanto o do próprio médico que corre menos risco com os cancelamentos. Além, de todos os benefícios, a teleconsulta ainda pode ser uma grande aliada de Unimeds que atendem de 20 a 30 cidades de sua respectiva região – e que consigam enxergar essa oportunidade. Sim, oportunidade de oferecer aos beneficiários uma ferramenta para acompanhamento periódico sem necessidade de deslocamento, assim como acesso ao retorno on-line para análise de exames de imagem e um diagnóstico mais rápido. Oportunidade de estrategicamente aumentar a carteira de clientes e blindar a concorrência, que, inclusive já oferece esse benefício.
 

Agora, a pergunta que não quer calar: Quem está disposto a acordar cedo e beber água limpa? 

Uma parte dos médicos já começaram a se movimentar e a entrar de cabeça no vasto universo da telemedicina, fico feliz com essa evolução. Tenho acompanhado, por exemplo, a corrida pela Certificação Digital no padrão ICP-Brasil. Um passo importante, afinal, o Conselho Federal de Medicina (CFM) defende que para a realização de prescrições médicas, é importante a assinatura digital com certificação, a fim de reduzir o número de fraudes.
 
Para se ter uma ideia, o nosso cenário antes da pandemia indicava que apenas 22% dos médicos utilizavam a certificação. Hoje, um ano depois, 57% já possuem certificados digitais válidos. Ou seja, em 12 meses houve um aumento considerável de 35%. E a tendência é crescer ainda mais.
 
Notei também que muitos foram além e caminham a passos largos na busca por capacitações na área da teleconsulta, capazes de melhorar a experiência do paciente e aprender novas técnicas que contribuem para uma tomada de decisão mais rápida e assertiva no atendimento não presencial.
 
E não, a teleconsulta não perdurará até o fim da pandemia do coronavírus – situação que, infelizmente, ainda está muito longe de acabar. Está equivocado quem pensa assim. A Associação Nacional dos Hospitais Privados, estima que a teleconsulta crescerá 15% ao ano após a pandemia, ou seja, permanecerá em nosso cotidiano.
 
A teleconsulta não vai substituir o médico, mas vai substituir aquele que for resistente a essa modalidade e não entender a tecnologia como uma grande aliada no tratamento, acompanhamento e promoção do bem-estar do paciente, que no final dessa equação é o que realmente importa.

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